segunda-feira, 17 de setembro de 2018

Relato de vítima de violência sexual sobre atendimento médico inadequado

Por: Karina Gutman
gutman91@gmail.com

Foto: oglobo.globo.com


Desde 2013, acha-se uma lei que garante à vítima de estupro atendimento emergencial. Amparo médico, psicológico e social imediato é garantido. Ou, ao menos, deveria ser. Na prática é visto o oposto. São inúmeros os relatos de hospitais não preparados para tais situações e é inevitável concluir que, por isso, pacientes se encontram de frente ao pior cenário possível. Seja pela falta de remédios disponíveis ou pela descrença vinda do médico para com a violência ocorrida, pode-se observar que hospitais públicos não estão preparados.

O técnico de enfermagem, Yuri de Oliveira dos Santos, nos explica que, em hospitais públicos, não existe nenhum tipo de treinamento para esse tipo de situação. Ainda completou afirmando que nem o sigilo do paciente tem sido visto na prática. A partir desse ponto de vista é inevitável concluir que, o quadro atual, para a vítima, é problemático.

“Quando entrei na primeira sala, onde a médica me perguntou o que tinha acontecido, ela me disse que não poderia me dar nenhum medicamento, me colocou como última prioridade e eu percebi que ela não acreditou em uma palavra que eu tinha dito. Não sei, tudo que ocorreu lá foi errado. Fiquei muito abalada e acabei desistindo da consulta.”, desabafou uma paciente, que preferiu manter seu nome em sigilo. A mesma foi diagnosticada com depressão, semanas após o ocorrido. Casos como estes, deixam claro como a situação atual é vergonhosa. Não há psicólogos disponíveis para atendimento, disse Yuri, que nos contou também que não há medicamentos liberados para a distribuição às vítimas. 

Médico e professor na Faculdade de Medicina de Petrópolis, Norham Sumar, afirmou que, ao menos, existe uma perspectiva vinda dos médicos e profissionais em geral para com uma futura melhora. Aponta o seu ponto de vista, no qual “o ideal seria, em primeiro lugar, a colocação de um fluxo de atendimento, que respeitasse o que a lei preconiza e o que está definido para um atendimento de qualidade”. Por fim, completa colocando que é necessária também uma educação que capacite os profissionais de saúde de proporcionar, às vítimas, um bom atendimento.

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