quinta-feira, 22 de novembro de 2018

Jovens enfrentam problemas arteriais causados por álcool e cigarro


Foto: russia-now.com

Beatriz Fróes
Fonte: BBC
em 01/10/2018 (Adaptado)

Segundo estudo, jovens e adolescentes que fumam e bebem já têm danos perceptíveis em suas artérias aos 17 anos de idade. A Universidade College London e a Universidade de Bristol, ambas no Reino Unido, fizeram uma pesquisa que mostraram que há um enrijecimento das artérias por conta desses hábitos quando ainda se é bem jovem. Este efeito está ligado a um aumento do risco de problemas cardíacos e em vasos sanguíneos, como AVC e infarto, em idade mais avançada. A pesquisa também detectou que as artérias dos adolescentes voltaram ao normal quando eles pararam de fumar e beber.

Fumar e beber levam a problemas arteriais precoces
Os cientistas estudaram dados coletados entre 2004 e 2008 de 1.266 pacientes que participaram do Avon Longitudinal Study of Parents and Children (ALSPAC), que reuniu informações de saúde de 14,5 mil famílias de Bristol, na Inglaterra. Participantes de 13, 15 e 17 anos detalhavam seus hábitos em relação ao tabaco e bebida, e exames foram feitos para verificar se havia ocorrido enrijecimento arterial. Foi informado, por exemplo, quantos cigarros já se havia fumado na vida e a idade em que se começou a beber álcool, além da frequência e intensidade com que faziam isso. Entre aqueles que haviam fumado mais de cem cigarros até o momento dos testes ou que consumiam mais de dez doses de álcool nos dias em que bebiam, havia uma maior incidência de enrijecimento das artérias do que entre participantes que tinham fumado menos de 20 cigarros durante a vida ou tomavam menos de duas doses nos dias em que consumiam álcool.

"Beber e fumar na adolescência, mesmo em níveis inferiores àqueles informados em estudos com adultos, está associado a enrijecimento arterial e à progressão da arteriosclerose", diz o autor principal do estudo, John Deanfield, do Instituto de Ciência Cardiovascular da Universidade College London. A pesquisadora Marietta Charakida, fala que o dano aos vasos sanguíneos por conta destes hábitos "se dá ainda em um momento precoce da vida". "Quando se faz as duas coisas juntas, os prejuízos são ainda maiores", diz Charakida.

Breno Caiafa, presidente da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular do Rio de Janeiro (SBACV-RJ), diz que isso merece um cuidado maior do governo. Hoje, as campanhas dizem 'se beber, não dirija', mas não falam para não beber. As empresas de bebidas vão continuar a fazer propaganda livremente se não forem pressionadas, como ocorreu com o fumo. "Estudos mostram que beber moderadamente até pode fazer bem, mas o álcool não deixa de ser uma droga e, se consumido em excesso, gera alterações hepáticas e ganho de peso, enrijece as artérias e aumenta as chances de um AVC. Se tem esses efeitos, precisa ser controlado. O álcool talvez esteja sendo subestimado.", afirma Caiafa.

Sinal encorajador
Caiafa avalia que estudos trazem novidades ao mostrar o impacto do álcool e da bebida ainda na juventude. "Já sabíamos dos efeitos negativos a médio e longo prazo, mas não a tão curto prazo", diz. Ele explica que esses hábitos danificam a parede das artérias, gerando uma lesão à camada interna dos vasos, o que leva à formação de placas, provocando um enrijecimento e estreitamento arterial e, como consequência, há um aumento da pressão sanguínea. 

Metin Avkiran, diretor médico associado da British Heart Foundation, organização que financiou parte da pesquisa, diz que o fato dos danos poderem ser revertidos é um "sinal encorajador". "Parar de fumar é a melhor decisão que você pode tomar para proteger seu coração. E, se você bebe, não o faça de forma excessiva e siga as recomendações (das agências de saúde)", afirma. "Nunca é tarde demais para fazer mudanças que podem acabar salvando sua vida."

Nenhum comentário:

Postar um comentário